A suspeita de R$1.7 milhão na ALEPE

O caso tem início a partir de uma denúncia feita, pelo advogado Antônio Campos ao Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), contra o ex-deputado estadual e atual prefeito da cidade de Olinda, Professor Lupércio, quando este atuava na Assembléia Legislativa de Pernambuco (ALEPE).
A denúncia descrevia supostos pedidos irregulares de reembolso de despesas (verbas indenizatórias) na ALEPE. A suspeita era de que as empresas contratadas eram fantasmas (pág 18 do acórdão).
Após apuração, a equipe do TCE-PE elaborou Relatório de Auditoria (RA), e a relatora Conselheira Teresa Duere, em acórdão unânime, acatou a denúnciadeclarando a irregularidade dos pedidos de reembolso de Professor Lupércio e efetivamente constatando como fictícias 7 empresas que eram contratadas e prestavam serviços ao denunciado e a outros parlamentares (pags 05 e  29 do acórdão).
Leia a íntegra do acórdão – Acórdão TCE PE
Professor Lupércio recorreu, mas seu recurso foi indeferido também por unanimidade – Acórdão TCE PE Recurso
A partir destes ocorridos, a imprensa (JC) analisou os pedidos de ressarcimento de verbas indenizatórias de todos os deputados estaduais que exerceram mandato na ALEPE durante o período considerado.
De acordo com o levantamento, as empresas que o TCE-PE confirmou serem fantasmas receberam R$1.7 milhão da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE) . Estas empresas receberam dinheiro da ALEPE através de reembolso de despesas de 22 parlamentares da casa, que apresentaram notas fiscais relacionadas a gastos de mandato.
4 destas empresas fantasmas se encontram no mesmo endereço, no bairro de Peixinhos, em Olinda. No local, deveria funcionar desde papelarias até aluguel de veículos.
A auditoria do TCE também mostra que ex-comissionados da ALEPE são sócios destas empresas investigadas. A empresa S e Silva Entregas Rápidas, por exemplo, foi a que recebeu mais verbas, totalizando R$624 mil. Ela é administrada por Sérgio José da Silva, que o TCE descobriu ter sido comissionado da ALEPE entre 2009 e 2015.
Para facilitar o seu entendimento sobre o caso, preparamos um resumo com a lista de todos os 22 parlamentares envolvidos no levantamento  e um sumário com todas as descobertas feitas pelo TCE e JC.
ParlamentarPartidoTotal recebido
Socorro PimentelPTBR$321.899
Romário DiasPSDR$175.949
João EudesPPR$169.617
Joaquim LiraPSDR$149.952
Professor LupércioSDR$136.163
Marcanônio DouradoPSBR$126.059
Julio CavalcantiPTBR$103.038
Vinícius LabancaPPR$99.602
Tony GelMDBR$98.835
Odacy AmorimPTR$89.773
Francismar PontesPSBR$64.915
Antônio MoraesPPR$43.997
Pastor Cleiton CollinsPPR$43.961
Ricardo CostaPPR$43.199
José Humberto CavalcantiPTBR$41.750
Clodoaldo MagalhãesPSBR$26.119
Joel da HarpaPPR$16.331
Álvaro PortoPTBR$9.080
Beto AcciolyPPR$4.643
BotafogoPDTR$3.131
Guilherme UchoaPDTR$2.630
Claudiano Martins FilhoPPR$2.000
TotalR$1.772.642
Resumo das descobertas feitas pelo TCE e Jornal do Commercio:

O que diz a ALEPE sobre o caso?

Em nota, a presidência da ALEPE afirmou que todos os valores serão devolvidos voluntariamente pelos parlamentares. Também disse que a ALEPE irá suspender relações comerciais com as empresas investigadas por um período indeterminado.

O que disseram os parlamentares?

Procurados pelo Jornal do Commercio, apenas 7 dos 22 deputados se manifestaram. Socorro Pimentel – PSL (R$321 mil), no topo da lista, diz ter devolvido os valores de reembolso e que não irá usar este tipo de verba de agora em diante. Tony Gel – PMDB (R$ 98 mil), Clodoaldo Magalhães – PSB (R$26 mil) e Álvaro Porto – PSD (R$9 mil) disseram que também entregaram o valor integralmente ao receber a notificação. Outros preferiram não responder.
Professor Lupércio – SD, alvo da denúncia no TCE-PE, também afirma ter devolvido integralmente o valor reembolsado através destas notas fiscais. Issoi foi confirmado no próprio processo, como se pode depreender do acórdão mencionado.

Quer ver estes gastos com os próprios olhos?

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Entenda as verbas indenizatórias:

Além dos seguintes salários e benefícios …
  • Salário mensal de R$ 25.322,25;
  • Auxílio combustível de R$4.000,00 por mês (ou R$192,000 em 4 anos);
  • Verba para contratação de assessores entre R$90,000 e R$180,000 por mês (ou R$4.3 milhões e R$8.6 milhões em 4 anos);
  • Verba para viagens de R$519 (dentro do estado) e R$ 909 (fora do estado) por dia de viagem;
… os deputados estaduais de Pernambuco contam com uma verba de R$15.450,00 mensais para reembolsos de despesas relacionadas ao mandato, incluindo passagens aéreas, aluguel de veículos, gastos com alimentação, entre outros. Este tipo de reembolso é chamado de verba indenizatória.
Até o final de um mandato de 4 anos, um deputado pode gastar até R$741 mil com verbas indenizatórias, sem necessidade de licitação, tendo apenas que apresentar as respectivas notas fiscais. Todos os 47 deputados da ALEPE possuem direito a esta verba, somando um orçamento total de R$34.8 milhões durante o período do mandato eletivo.

Quer saber mais? Leia diferentes fontes:

Leia a íntegra dos acórdãos unânimes do TCE
Portal ALEPE:
Imprensa Pernambucana:
Jornal do Commercio:
Folha de Pernambuco

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