Plano econômico de Temer divide sindicatos e será alvo de protestos

Criado na busca por maior aceitação do mercado, plano de medidas econômicas proposto para um eventual governo Michel Temer (PMDB) pode acabar gerando outro problema ao vice-presidente. Repleta de pontos polêmicos, a “Ponte para o Futuro” divide centrais sindicais e será alvo de protestos por todo País no próximo domingo, 1°, Dia do Trabalhador.

Proposto em outubro passado como aceno ao setor produtivo, o documento reúne uma série de questões criticadas pelo movimento sindical – como o fim das indexações de benefícios previdenciários com o reajuste do salário mínimo e aumento da idade para aposentadoria. Maior central sindical do País, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) já convocou protestos contra o plano.


“É a tentativa da direita de retornar ao poder para flexibilizar as leis trabalhistas e desconstruir tudo”, disse um dos coordenadores da Frente Brasil Popular, Douglas Izzo. No Ceará, a CUT prevê protesto às 9 horas do domingo no Pirambu, em ato que seguirá para o Cuca da Barra do Ceará. “O embate será nas ruas, na combatividade, na denúncia”, diz De Assis Diniz, presidente do PT do Estado.

Na tarde de ontem, Michel Temer se reuniu com representantes de quatro centrais – Força Sindical, Nova Central Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) - no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice. No encontro, as centrais criticaram cortes de direitos trabalhistas.


Mesmo a Força Sindical, conduzida pelo opositor de Dilma Rousseff, Paulinho da Força (SD-SP), defendeu que efeitos da crise não “caiam nas costas dos trabalhadores”. No encontro, foram propostas medidas como a criação de impostos para bens de alto valor - como jet skis -, além da taxação de grandes fortunas e remessas de lucros. Segundo as centrais, medidas podem gerar até R$ 111 bilhões.


“Ponte para o Futuro”

A proposta do PMDB envolve a redução de gastos, com corte de ministérios e de indicados a cargos políticos, mas também potencialmente redução em programas sociais. Outras medidas incluem a simplificação do sistema tributário, flexibilização de leis trabalhistas e expansão das concessões privadas. Temer defende que as iniciativas propostas são “uma necessidade” diante da atual crise. Ação planeja alcançar crescimento anual de 3,5% a 4%.


Em análise divulgada ontem, a consultoria de riscos IHS aponta que o vice deverá ter dificuldade em avançar a agenda no Congresso. Isso porque, mesmo conseguindo apoio, as medidas seriam “dolorosas” caso envolvam demissões e cortes em programas sociais, e a maioria dos partidos não deve apoiá-las em ano eleitoral. Isso deve dar força à oposição que o PT fará no Congresso e poderá aumentar as chances de paralisia política.


A redução de gastos, no entanto, é bem vista entre o mercado. “Hoje temos carga tributária de 40%, sem benefício nenhum. É preciso incentivar quem gera riqueza”, diz André Montenegro, presidente do Sindicato das Empresas de Construção Civil do Ceará. (com agências)

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