Lula não terá gestão fácil na presidência do G20

 

Lula não terá gestão fácil na presidência do G20, que vive tempos de hostilidade entre os países, acredita especialista

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, passará a presidência do G20 para Lula no domingo (10). O mandato do Brasil vai vigorar por um ano e o grande momento será uma cúpula de líderes do bloco em novembro de 2024, no Rio de Janeiro

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Adriana Guarda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Nova Délhi (Índia), na tarde desta sexta-feira (8), para participar da reunião de líderes do G20, grupo formado pelas maiores economias do mundo. O momento é especial para o Brasil, porque o Chefe do Executivo assumirá a presidência do bloco. 

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, passará a presidência do G20 para Lula no domingo (10). O mandato do Brasil vai vigorar por um ano e o grande momento será uma cúpula de líderes do bloco em novembro de 2024, no Rio de Janeiro. Apesar da oportunidade impotante para o País, o momento do bloco não é dos melhores, diante da guerra Rússia-Ucrânia, da rivalidade entre China e Índia e do clima hostil que pairou na cúpula do bloco na Índia, em 2022. 

Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o professor especialista em geopolítica, João Correia, comenta a visibilidade que a predidência do G20 garante ao Brasil, mas também os desafios que o presidente Lula deverá enfrentar. "O Brasil assume no momento mais difícil do G20. A última reunião do ano passado foi horrível: não teve uma carta final e nem aquela tradicional foto com os chefes de Estado", observa.

O especialista também explica que a presiência do G20 tem um papel mais representativo do que decisório. "A presidência do bloco é algo simbólico, porque a agenda não é criada apenas pelo presidente. Ela é formatada de acordo com os países, que podem ou não  participar. Agora é verdade que Lula, enquanto presidente do G20, pode sim resgatar a questão dos debates do conflito entre Rússia Ucrânia, por exemplo", diz Correia.

CONFLITOS E ESVAZIAMENTO

A expectativa é que o clima de hostilidade de mantenha este ano na reunião do G20 na Índia. O anúncio do Brasil na presidência do bloco será um dos poucos acenos positivos do encontro. Mais uma vez a cúpula deverá ser marcada pela falta de consensos e esvaziada pelas ausências do dirigente chinês, Xi Jinping, e do presidente russo, Vladimir Putin. 

A Guerra da Rússia-Ucrânia e a rivalidade entre China e Índia marcaram todas as reuniões do foro multilateral. Um termômetro de que a reunião da cúpula será tensa, foram os encontros preparatórios para a reunião, ocasião em que os negociadores não conseguiram chegar a nenhum consenso. 

Pela programação, Lula fará três discursos durante a cúpula, que acontecerá durante todo o fim de semana. O prsidente brasileiro dará com ênfase ao meio ambiente, a paz entre Rússia e Ucrânia, a maior participação das nações em desenvolvimento em órgãos como o Conselho de Segurança, a redução das desigualdades e o combate à fome. 

"Independente de que Lula, Bolsonaro ou Fernando Henrique estejam no cargo (de presidente), vejo o Brasil com condições de estabelecer a vanguarda no processo de paz entre Rússia e Ucrânia. Seria muita emoção a gente pensar assim", analisa Correia.

CÚPULA NO BRASIL

Apesar do cenário de conflitos, o Brasil tentará manter a relevância no G20. Sob sua presidência, Brasília prepara em 2024 uma programação ambiciosa em 15 cidades, que culminará na cúpula no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro do próximo ano. O governo brasileiro quer fazer da presidência no G20 a consolidação da volta do País ao cenário internacional após a gestão de Jair Bolsonaro.

A ideia é usar as reuniões preparatórias e paralelas ao longo de 2024 para pavimentar prioridades como proteção ambiental com desenvolvimento econômico, combate à pobreza, empoderamento das mulheres e reforma de instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

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