TIM, Telefônica e Claro vencem leilão por ativos móveis da Oi com oferta de R$ 16,5 bilhões

 


Empresas vão dividir clientes para tentar aprovação de órgãos de defesa da concorrência

 

TIM, Telefônica Brasil e Claro confirmaram nesta segunda-feira (14) proposta feita em setembro e compraram as operações de redes móveis da Oi por R$ 16,5 bilhões. Menor entre as três compradoras, a TIM ficará com uma fatia maior dos cerca de 36 milhões de clientes da vendedora.

 

A venda ocorreu em um leilão sem concorrência, como parte de um esforço de reposicionamento da Oi para tentar sair de processo de recuperação judicial iniciado em 2016 para lidar com uma dívida de R$ 65 bilhões. A Highline, que chegou a negociar os ativos, desistiu do negócio e não apareceu no leilão.

 

A conclusão da operação depende ainda de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que vai analisar como os clientes serão divididos entre as três companhias para evitar concentração excessiva de mercado.

 

A TIM informou que desembolsará R$ 7,3 bilhões e ficará com 14,5 milhões de clientes da Oi, o equivalente a 40% do total. A Telefônica, que opera sob a marca Vivo, gastará R$ 5,5 bilhões e receberá 10,5 milhões de clientes (cerca de 29%). Com desembolso de R$ 3,7 bilhões, a Claro ficará com os restantes.

 

Considerando dados da consultoria Teleco sobre a base de clientes atual de cada empresa, ao fim da operação a Telefônica ficará com cerca de 38% do mercado brasileiro de telefonia móvel. A Claro ficará com cerca de 31% e a TIM, com cerca de 28%.

 

A divisão porém, não será feita nacionalmente, mas sim por DDD, respeitando os limites de concentração para cada área de atuação. No Rio de Janeiro, por exemplo, onde a Oi é mais forte e a TIM tem uma base muito pequena, a tendência é que esta última receba mais clientes.

 

Os clientes que têm hoje planos de serviços da Oi permanecerão com esses planos, mas operados pelas novas empresas, ao menos até o vencimento de seus contratos. A operação já vem sendo discutida com o Cade, mas a proposta final de divisão dos clientes ainda será entregue ao órgão.

 

Em comunicados divulgados separadamente mas com texto semelhante, as três afirmam que a transação agrega valor para as companhias e seus acionistas por ser uma oportunidade de aceleração do crescimento e de aumento da eficiência operacional.

 

Para os clientes, dizem, garante ganhos na experiência de uso e melhoria na qualidade do serviço prestado. Defendem ainda que a compra é boa "para o setor como um todo, que será reforçado na sua capacidade de investimento, inovação tecnológica, bem como em sua competitividade".

 

Caso a operação seja aprovada pelo Cade, as empresas dividirão entre si também infraestrutura de serviços móveis e espectros de radiofrequência que são hoje usados pela Oi.

 

A venda dos ativos de telefonia móvel sepulta de vez os planos de criação da supertele brasileira, projeto dos governos petistas que acabou sendo o início da derrocada da Oi. O pedido de recuperação judicial foi a saída encontrada para lidar com uma crise iniciada após a fusão com a Portugal Telecom, em 2013.

 

Parte da estratégia de criar "campeões nacionais", a fusão começou a desandar no ano seguinte ao seu anúncio, diante de uma crise financeira dos sócios portugueses. Um primeiro plano de recuperação foi aprovado em 2017, mas conflitos societários emperraram sua execução.

 

Em setembro, novo plano foi aprovado, com a previsão de foco em operações de fibra ótica e venda de ativos relevantes, incluindo as operações de telefonia móvel, para pagar parte da dívida da companhia, avaliada no fim do terceiro trimestre em R$ 24 bilhões.

 

Na ocasião, a Oi afirmou que o modelo "ajuda a acelerar a criação da maior empresa de infraestrutura de telecom do país, a partir da massificação da fibra ótica, viabilizando banda larga, 5G e serviços empresariais".

 

Em novembro, a empresa vendeu por R$ 1,4 bilhão torres de telefonia móvel e data centers. A lista de ativos à venda inclui operações de TV por assinatura e uma fatia de 49% em subsidiária que controlará a infraestrutura de fibra ótica da companhia.​

 

As ações da Oi na Bolsa de Valores brasileira caíram 6,78%, a R$ 2,20 —papéis com baixos valores têm variações percentuais mais expressivas.

 

“É um movimento clássico de sobe no boato e realiza no fato. O resultado do leilão veio de acordo com a expectativa do mercado e os investidores aproveitaram para embolsar o lucro”, diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

 

Ele aponta o leilão desta segunda como o principal motivo da alta das ações da companhia recentemente. Em novembro, os papéis saltaram 36,77%. No ano, sobem 155,8%.

 

Fonte: Folha de SP

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