Pessoas com mais de 50 anos são excluídas

Congresso mantém veto de Dilma à desaposentadoriaCrédito: Arquivo Força Sindical
Aumento de brasileiros com mais idade sem trabalho regular tem forte impacto sobre a previdência social e especialistas alertam para casos de "preconceito etário"

Já são 10,6 milhões os brasileiros com mais de cinquenta anos que não trabalham e não procuram emprego, 51,2% da População Não Economicamente Ativa (PNEA) do País. Em dez anos, mais de 4 milhões de pessoas passaram a fazer parte desse grupo.

Os números da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), refletem a mudança da pirâmide etária brasileira "e têm forte impacto sobre o sistema previdenciário", acrescenta Antônio Carlos Alves dos Santos, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

"Com o envelhecimento da população, a tendência é que cada vez menos pessoas contribuam para a previdência e mais gente dependa do benefício", disse. "Se, hoje, há expectativa de vida de até 75 anos, a aposentadoria mínima deveria ser superior aos 60 anos. Mas a média de aposentadoria ainda gira em torno dos cinquenta e poucos anos", complementa Santos.

A redução do número de trabalhadores é rapidamente sentida pela Previdência. Se quatro milhões de brasileiros que recebem apenas um salário mínimo deixarem de contribuir por um ano, o desfalque sentido pelas contas públicas será de R$ 3,4 bilhões neste período.

Entretanto, Adriana Beringuy, técnica do IBGE, lembra que a PNEA não é composta apenas por brasileiros que deixaram de trabalhar cedo para viver da aposentadoria. "Também tem gente que desistiu de procurar emprego, gente que ainda não recebe a aposentadoria e pessoas mais velhas que não tem mais condições de trabalhar", considerou.

Já Edgard Pitta, consultor de carreira da Alfa Centauri, destaca que o número de brasileiros com mais de cinquenta anos de idade que não trabalha e não está aposentado "quase dobrou entre 1982 e 2012". Para o especialista, faltam políticas públicas que incentivem "a retenção e a reinserção" desse grupo no mercado de trabalho e uma mudança de atitude também por parte do setor privado.

"Quando uma empresa se depara com candidatos de diferentes faixas etárias com a mesma qualificação, ela vai preferir sempre o mais jovem, é uma questão de preconceito etário", aponta Pitta.

Com o avanço da crise, parte considerável dos brasileiros com mais de cinquenta anos tem migrado para o trabalho autônomo, afirma Pitta. "É uma função mais precária que acaba se tornando a realidade de muita gente que perdeu emprego nos últimos anos".

Empregados

Ainda assim, o número de brasileiros com mais de cinquenta anos que está empregado compõe parcela importante do mercado de trabalho do País.

De acordo com a PME, 25,6% dos brasileiros que estão ocupados fazem parte da faixa etária, parcela superior à de jovens com idade entre 18 e 24 anos (10,4%) e inferior à dos adultos com idade entre 25 e 49 anos (62,2%).

Os dados de desemprego também são mais críticos para a parcela mais nova da população. Segundo a PME, 20,8% dos brasileiros com idade entre 18 e 24 anos procuram e não encontram emprego atualmente. As taxas são menores para as outras duas faixas etárias: de 25 a 49 anos (7,1%) e mais de 50 anos (3,4%).

Para o consultor, em momentos de crise sofrem mais as "pontas" da população. "Os mais jovens tem dificuldade para entrar e os mais velhos acabam perdendo espaço."

Sem trabalho

A taxa de desemprego geral no Brasil chegou a 8,2% em fevereiro deste ano, mostram os dados da PME. Houve aumento de 2,4 pontos percentuais, ou 565 mil pessoas, na comparação com igual mês de 2015.

Na separação por áreas do País foram registradas taxas maiores nas regiões metropolitanas de Salvador (12,8%), Recife (10,4%) e São Paulo (9,3%). Enquanto em Belo Horizonte (7,2%), Porto Alegre (6,4%) e Rio de Janeiro (5,2%) foram marcados números menos expressivos.

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