Pesquisa mostra que 66% não pensam na aposentadoria

Para quem imagina um futuro com muita sombra e água fresca, o caminho é árduo. Mas quem começa a se preocupar com a velhice mais cedo pode pegar um atalho. Pagar só o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

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Dizem especialistas, é insuficiente para, no mínimo, manter o padrão de vida atual. Até porque a Previdência Social tem um teto, atualmente em R$ 4.390,24, dificilmente alcançado pelos segurados e que, ano a ano, recebe apenas a correção da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

 A maioria dos brasileiros, no entanto, não complementa a contribuição do INSS. Segundo pesquisa do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), divulgada ontem, 66% dos entrevistados disseram não pensar no futuro quando o assunto é aposentadoria, e acabam dependendo, exclusivamente, dos benefícios da Previdência.

 Para ajudar a identificar se suas ações de hoje serão suficientes para garantir o pé-de-meia de amanhã, o portal Meu Bolso Feliz – iniciativa do SPC Brasil – desenvolveu um teste, em parceria com equipe de professores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). São 13 questões (http://meubolsofeliz.com.br/teste/voce-esta-no-caminho-para-uma-aposentadoria-tranquila) que indagam, por exemplo, se a pessoa junta dinheiro, se gasta demais, se tem plano de saúde e casa própria. O resultado projeta se a vida na terceira idade será tranquila, estável ou com o bolso apertado.

 “O objetivo dessa ferramenta é ajudar na autopercepção e despertar o interesse dos consumidores em mudar suas atitudes para ter aposentadoria tranquila e futuro financeiro mais saudável”, explica o educador financeiro do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli.

 Enquanto isso, dois terços da população contam apenas com o INSS para garantir recursos na velhice. Na avaliação do planejador financeiro e professor de macroeconomia da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Silvio Paixão, há dois motivos que explicam esse cenário. Um deles é o fator econômico, o outro, cultural. “A renda média no País é baixa, e as pessoas se condicionam a não pensar no futuro. Elas se acomodam. Sem contar que existe ainda o fato de, culturalmente, o brasileiro pensar que é obrigação do governo cuidar dele”, afirma. “Entre os jovens isso é ainda mais intenso. Eles são muito imediatistas. Querem viver o momento. E o único compromisso é comprar o melhor tênis ou o celular de última geração.”

 Na semana passada, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que, em 2013, a renda média do brasileiro era de R$ 1.651. “Isso é pouco mais que dois salários mínimos. E boa parte do valor é deixada no supermercado. Como essas pessoas pensam em pagar o INSS? Não sobra. Quem dirá fazer poupança. ”

 Para Vignoli, por menor que seja o valor depositado por mês, o importante é desenvolver o hábito de poupar. “Quanto mais cedo o consumidor começar a guardar dinheiro, menos precisará poupar por mês quando estiver com idade avançada. Aos 20 anos, as pessoas acham que é cedo para pensar na aposentadoria e, aos 50, já pode ser tarde demais para fazer algo.”

 Paixão destaca que, para começar, são boas alternativas a poupança – com a desvantagem de poder mexer na caderneta a qualquer momento –, fundos de investimento, como DI, e previdência privada VGBL para quem tem baixa renda. 

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